Algumas semanas atrás, uma grande amiga e cliente nos enviou um relatório da publicação World Happiness Report, que analisa dados sobre o bem-estar e a qualidade de vida da população mundial. O relatório em questão era o resultado de um estudo sobre felicidade realizado, especificamente, na América Latina: como nossa casa e as relações que cultivamos dentro dela interferem na nossa felicidade.
Talvez essa informação não seja surpresa para ninguém, afinal, as pessoas que convivem conosco dentro de casa são as pessoas com que dividimos nosso dia a dia, e a qualidade dessas relações interfere diretamente na qualidade da nossa própria vida. O que talvez seja algo a se considerar é como a qualidade dessas relações também está ligada ao espaço físico em que vivemos.
Para além de ter um ambiente bonito, confortável e funcional – todos aspectos que influenciam no nosso bem-estar – o layout de uma casa também precisa ser pensado para promover contato, convívio e comunicação entre as pessoas, principalmente nos espaços comunitários. São esses alguns dos pilares que acabam por sustentar nossa satisfação com a vida.
O tamanho da mesa de jantar, o posicionamento do sofá, o desenho da cozinha, a decisão de manter ou eliminar uma parede, de aumentar ou diminuir a área externa: tudo isso influencia na forma como a casa será vivida, em como as pessoas irão se relacionar dentro dela. Algumas das perguntas mais importantes no início de um projeto têm a ver, inclusive, com pessoas: quem são, como é a rotina, o que mais gostam de fazer, quais suas necessidades e prioridades.
Transformar uma casa em um lar de verdade significa pensar em interações e momentos gostosos para todos, seja no dia a dia ou em ocasiões especiais, e então projetar espaços que permitam que esses momentos aconteçam. Para que uma casa possa se tornar esse lugar, é preciso criar ambientes que promovam, acima de tudo, uma boa experiência de conexão entre as pessoas.
Para se inspirar
Cinco casas pensadas para momentos gostosos em família:
Essa casa belíssima cheia de cantinhos para dividir bons momentos no dia a dia
Essa casa integrada à natureza, com muito espaço para os irmãos passarem tempo juntos
Esse quartinho de bebê pensado para toda a família poder desfrutar em diferentes momentos
O layout nada óbvio desse apartamento, desenhado para a família conviver nos espaços comuns durante refeições, brincadeiras e conversas no sofá
Essa casa com soluções para toda a família e uma mesa de centro que funciona para as crianças também
Para ler
Livros sobre casas, pessoas e a relação entre elas:
Histórias de Casa – Bruna Lourenço e Paula Passini
O livro, das autoras do blog Histórias de Casa, explora 15 casas diferentes com imagens lindíssimas e as histórias por trás de cada uma. São casas com a identidade de quem mora nelas, repletas de memórias afetivas e tudo aquilo que faz desses espaços um lar de verdade.
A Arte Perdida de Educar – Michaeleen Doucleff
A jornalista Michaeleen Doucleff partiu numa jornada para entender como as crianças são criadas em diferentes comunidades do mundo e relatou tudo isso em A Arte Perdida de Educar. Um de seus maiores achados? Para serem prestativas desde cedo, as crianças precisam se sentir como membros ativos da casa, participando dos trabalhos domésticos e sendo incluídas nas atividades do dia a dia da família.
Cidades para Pessoas – Jan Gehl
O urbanista dinamarquês Jan Gehl faz uma análise de seus trabalhos em diferentes continentes para expor como as pessoas ocupam os espaços urbanos – e como criar espaços que promovam bem-estar, segurança, senso de comunidade e integração com a natureza. Um livro que, mais de 10 anos depois de sua publicação, continua sendo uma joia.
Do mesmo autor de Hygge, My Hygge Home explica como transformar a casa num espaço aconchegante, que incentive a integração com amigos e familiares e nos deixe mais felizes e satisfeitos. Uma leitura leve e gostosa, e um livro lindo – por dentro e por fora.
Para assistir
Clássicos levinhos dos anos 2000 sobre o relacionamento que temos com quem mora com a gente – para maratonar com muita pipoca num fim de semana friozinho:
Annie e Hallie são irmãs gêmeas que foram separadas ainda bebês. Após um divórcio ruim, uma foi morar com a mãe em Londres e a outra com o pai, na Califórnia. Quando se conhecem durante um acampamento de verão, no entanto, elas resolvem trocar de lugar e bolam um plano para juntar os pais novamente. Um filme gostoso que é pura nostalgia.
Daphne é a matriarca de uma família só de mulheres, que se intromete na vida de todas elas e principalmente da caçula, Milly. Querendo que a filha engate um relacionamento, ela sai na busca pelo candidato perfeito, mas a ideia de Milly de homem ideal não é exatamente a mesma da mãe. Um filme para assistir dividindo um vinho com aquela mãe que, às vezes, se intromete demais – mas que a gente ama incondicionalmente.
Tess e Anna são mãe e filha adolescente, que vivem em pé de guerra até o dia em que, após uma briga, acordam uma no corpo da outra. Essa troca vai fazer com que, pela primeira vez, elas consigam entender uma à outra e, assim, entender esse relacionamento. O filme acabou de ganhar uma continuação, que estreia em Agosto deste ano.
Para comprar
Itens afetivos para encher a casa de significado e boas memórias:
Esse caderno de receitas, que pode ser preenchido com receitas de família, escrito a muitas mãos e passado de geração em geração. Um presente para a vida toda.
Nossa vitrine de memórias, que dispensa apresentações. Para expor lembranças que queremos guardar para sempre.
Quadros para montar uma galeria com as melhores férias de família, recados especiais e desenhos das crianças. Mais especial, impossível.
Para testar na cozinha
Receitas para reunir a família na cozinha e dar uma função para cada um:
Uma salada facinha e super saborosa de cuscuz marroquino com legumes;
Esse salmão com limão e shoyu para transformar uma noite de terça em algo especial;
Uma receita de bolo mousse de chocolate que era o que a gente precisava e nem sabia;
Essa receita incrível de cookies de chocolate. Nós estamos sempre atrás da receita perfeita e essa entrou seriamente para a lista.
Finalizando
A vida em casa é compartilhada, todos os dias, em seus mais variados aspectos: são refeições, momentos de lazer, tarefas domésticas, trabalho, problemas, angústias, alegrias e conquistas que dividimos com aqueles que moram sob o mesmo teto que a gente. Essas relações acabam por interferir diretamente na forma como experimentamos a vida.
Fazer design de interiores é pensar na casa como o cenário de todas essas relações. Uma sala desenhada para todo mundo na família poder fazer o que mais gosta, um sofá posicionado para todos conseguirem interagir na conversa, um cantinho confortável para conversas a dois até altas horas, uma cozinha aberta para integrar o preparo e as refeições, um tapetão no chão do quarto para os irmãos brincarem juntos – é unir conforto, funcionalidade e beleza para criar trocas e momentos inesquecíveis.
Se a casa tem o poder de nos transformar, ela tem o poder de transformar também nossos relacionamentos. Uma casa gostosa, aconchegante e pensada para quem mora nela pode ampliar interações, estreitar laços, melhorar a comunicação e o bem-estar de seus habitantes. E tudo isso influencia em como percebemos nossa própria felicidade.
Cultivar relacionamentos é um desafio diário de quem convive sob o mesmo teto. Requer atenção, cuidado e equilíbrio para que a relação – seja com o cônjuge, os filhos ou outros familiares – não se desgaste com a rotina e as responsabilidades de cada um. Um olhar atento, uma dose de carinho, tempo de qualidade juntos e apoio mútuo podem tornar as interações diárias ainda melhores – e um ambiente que permita que isso aconteça é aquilo que podemos chamar, verdadeiramente, de lar.
A gente se vê numa próxima!
Com carinho,
Equipe LP