Excessos – News #20

Quando chega o fim do ano e as festas vão se aproximando, é normal a gente se pegar olhando mais para dentro de casa. Para além do fato de que, durante esse período, costumamos receber mais visitas, o término de um ciclo e começo de outro nos faz reparar mais naquilo que nos rodeia – e que, na correria do cotidiano, acaba passando batido por nós.

De repente, paramos para reparar que aquela maçaneta solta que nos incomodou o ano todo ainda não foi consertada. Que estamos precisando de novas toalhas, que passou da hora de chamar alguém para dar uma olhada na infiltração da cozinha e que os banheiros estão precisando de uma reforma.

Esse sentimento de que há muitas coisas a fazer é tão normal que a busca por soluções para a casa tende a aumentar nessa época do ano. Ao mesmo tempo, é quando os fornecedores estão se preparando para o recesso ou as férias e deixando de atender a tantos pedidos. A inquietação com a casa precisa ser administrada de alguma forma, e acabamos recorrendo a um dos poucos recursos que temos disponíveis nesse momento: ir às compras.

Uma nova toalha de mesa e um jogo de copos para resolver o jantar de Natal. Uma bandeja com um sabonete cheiroso para receber as visitas no lavabo. Uma colcha nova para o quarto de hóspedes. Nem sempre encontramos exatamente o que gostaríamos, mas as festas estão se aproximando e acabamos fazendo escolhas muito mais por necessidade que por intenção. Assim, quando o ano finalmente termina e encaramos uma página em branco com 365 novos dias, ficamos com a sensação de que, mais uma vez, a casa não ficou como a gente queria.

Isso acontece porque comprar deveria ser o último item numa lista que, na verdade, envolve muito mais a difícil tarefa de se livrar de excessos e consertar o que já se tem. Dar um jeito naquelas maçanetas, fazer uma limpa na rouparia e tirar o que está velho, manchado ou esfarrapado. Doar roupas e uma parte dos brinquedos das crianças, tirar utensílios de cozinha que não são mais utilizados e louças nicadas ou cujo conjunto já quebrou faz tempo. Dar fim naquele tapete da cozinha que a gente na realidade odeia, na papelada acumulada nas gavetas e realizar uma curadoria nos cacarecos e objetos de decoração para ver o que fica, o que sai e o que pode ficar guardado.

Retirar os excessos nos permite respirar e entender o que está bom, o que falta e o quê, de fato, precisa ir para a lista de compras. Muitas vezes, os itens que a gente jurava que precisava trocar estão, na verdade, perfeitos – era o excesso e a desorganização da casa que não nos permitia enxergar a beleza desse todo.

Cuidar daquilo que se tem, desapegar dos excessos e fazer poucas e boas escolhas é o caminho para uma casa que nos traz aconchego e satisfação. Quando um novo ano se inicia, cheio de possibilidades, esse lembrete pode extrapolar para outras áreas da vida também: ser feliz tem muito mais a ver com aquilo que temos do que com aquilo que nos falta.

Para se inspirar

5 casas que provam que o “menos é mais” pode se traduzir nos mais variados estilos:

Essa casa sem grandes excessos tem uma sauna no banheiro e é a prova de fazer boas escolhas nos permite ter tudo aquilo que faz sentido pra gente.

Esse apartamento em Hong Kong é pequeno, funcional e uma graça – prova de que não é preciso muito para um resultado bem legal.

Esse apartamento sem firulas mas repleto de boas escolhas tem uma cozinha numa cor improvável que funcionou perfeitamente.

Esse apartamento de 40m² em Paris não comporta acúmulos, mas é cheio de cantinhos charmosos e soluções para pequenos espaços.

Para seguir

Over The Ocean é o perfil de Birgit Sfat, fotógrafa que mora com a família em Portugal e registra, além de viagens, o design de interiores dos lugares por onde passa.

Irene de Klerk Wolters é uma artista holandesa que vive em Copenhagen com o marido e dois filhos. Ela registra a casa, seu estilo de vida e as belezas da cidade nesse feed que é um deleite visual.

Marie Kondo dispensa apresentações, mas o que nem todo mundo sabe é que, depois de ter filhos, a especialista em organização mudou sua forma de ver a vida. Ela hoje ensina as pessoas a eliminarem com consciência e manterem a casa em ordem na medida do possível – sem deixar de aproveitar as belezas da fase em que estão vivendo.

Para ler

Leituras para um fim de ano livre de excessos:

Como arrumar a casa quando a vida está caótica – KC Davis
O título é auto-explicativo, mas o livro vai além dele: de forma gentil e acolhedora, ele nos guia para uma casa livre de bagunça e excessos, dando espaço para que possamos passar pelo processo no nosso tempo e sem culpa. Perfeito para o caos discreto que é a vida no fim do ano.

Essencialismo – Greg McKeown 
Esse é daqueles livros que a gente leva para a vida, ensinando a aplicar o menos é mais para além das questões materiais. Para uma vida pessoal e profissional equilibrada é preciso aprender a fazer escolhas, eliminar o que não é essencial e focar no que realmente importa.

A casa minimalista – Joshua Becker
A Casa Minimalista é um guia prático para o caminho do minimalismo, ainda que o objetivo não precise ser chegar lá 100%. Pontuando os benefícios de uma vida sem acúmulos e excessos materiais, o livro nos faz entender que o desapego é essencial para uma vida com mais intenção.

Kurashi at Home – Marie Kondo
Depois de ter filhos, Marie Kondo mudou sua definição de uma casa organizada. Kurashi at Home é um livro lindo e super visual sobre essa nova fase, em que o mais importante é fazer escolhas intencionais para ser feliz no lugar onde a gente passa a maior parte do nosso tempo.

Para assistir

O desafio LP
Esse é para maratonar e botar a mão na massa: a Lu propõe uma tarefa por semana e, se você começar hoje, a casa fica pronta para 2025. Que tal?

Semana 1: Eliminação
Semana 2: Manutenção
Semana 3: Organização e Decoração
Semana 4: Cuidado

Para testar na cozinha

5 receitinhas com até 5 ingredientes, que na verdade parecem ter muito mais:

Uma salada caprese, facílima e sem erro, para a entrada.

Esse cacio pepe maravilhoso para um jantar gostoso e sem pretensões.

Um mocktail de mirtilo para uma noite ao ar livre qualquer.

Esse sorvete de morango super simples, maravilhoso e que não precisa de máquina, que vai ficar para sempre nas suas melhores memórias de verão.

Uma palha italiana de colher que conserta até coração partido.

Finalizando

O fim do ano vem quase sempre acompanhado de sua própria carga de excessos: fazemos mais compras, comparecemos a mais festas, há mais comida e bebida que de costume e a fatura do cartão vem mais alta, por consequência. Quando janeiro finalmente dá as caras, já estamos, muitas vezes, emocional e financeiramente drenados.

Começar dezembro eliminando os excessos de casa nos permite pensar com mais clareza e cuidado naquilo que entra. Depois de limpar a despensa, os armários e a papelada, de dar destino a roupas de cama e banho, brinquedos e coisas que guardamos sem nunca de fato usar, ficamos muito mais incomodados com o que acumulamos e criteriosos com aquilo que decidimos trazer para casa.

Como esse é o principal lugar onde vivemos nosso dia a dia, torná-lo um ambiente livre de excessos, na medida do possível, tem esse mesmo efeito sobre nós. Muitas vezes nosso descontentamento é simplesmente o reflexo da ansiedade que sentimos com relação àquilo que nos cerca. Abrindo espaço e mantendo somente o que faz sentido para nós é possível mudar completamente como nos sentimos nas nossas próprias vidas. 

Com 2025 virando a esquina, este é o lembrete que gostaríamos de deixar: mudar de vida nem sempre tem a ver com um ato grandioso ou difícil de alcançar. Na maioria das vezes, inclusive, tem a ver com essas pequenas ações que, realizadas com frequência, lentamente e quase sem percebermos, acabam por mudar nossas vidas. Porque as pequenas escolhas, no fim, são aquelas que realmente nos definem.

Boas festas – e nos vemos no ano que vem!

Com carinho,

Equipe LP

 

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