A vida que existe nas pausas – News #19

Voltar de licença maternidade é quase como voltar ao mundo depois de passar um tempo fora. Como se houvesse um universo paralelo e tivéssemos feito morada lá por alguns meses. Um universo repleto de amor, trocas de fralda, mamadas e colinho. É difícil acreditar que a vida lá fora continuou correndo no mesmo ritmo de sempre, quando aqui dentro tanta coisa mudou.

O tempo realmente ganha outra dimensão. Como assim foram só 4 meses? Pareceu uma vida inteira. A maternidade é um furacão de tantas coisas novas acontecendo ao mesmo tempo que a sensação de que estamos vivendo muito mais do que aqueles poucos meses é real. Esse sentimento, inclusive, não se limita apenas aos primeiros meses. De tempos em tempos vamos descobrindo novas versões dos nossos filhos, aquilo que funcionava muito bem até então não funciona mais, e essa estranha rotina que nunca é a mesma torna o maternar algo tão extraordinário quanto, por vezes, exaustivo. 

É bastante fácil sermos sugadas para dentro desse furacão, que mais parece uma espiral de cansaço e desespero. A vida com filhos não desliga – não há muitos momentos de folga e muito menos dias de descanso. As demandas com os filhos, com a casa e com todas as outras áreas da vida são como a roupa para lavar e a louça na pia: jamais têm um fim. Por que então dizem que a maternidade é uma das melhores coisas da vida?

Porque as mães costumam ser muito boas em parar para respirar. É quase um pré-requisito do trabalho. Quando não se tem muita opção, tudo que nos resta é respirar fundo e procurar pela beleza em meio a esse caos, aproveitando as pequenas alegrias diárias que esse novo contexto nos traz. 

O sorriso do nosso bebê. As luzes da cidade durante as noites mal dormidas, o novo café do bairro na busca por uma xícara de café a mais. A nova palavra do filho mais velho. A vida que pulsa na bagunça da casa, o sol nascendo nos passeios que agora acontecem cedo demais, a vulnerabilidade – deles e nossa – quando estamos ninando um bebê exausto no meio do dia.

É incrível a quantidade de vida que existe quando simplesmente paramos para apreciar. Sim, a bagunça continua lá. O cansaço, a pia cheia de louça, tudo continua lá. Mas a gente decidiu enxergar as coisas boas – e nelas, acabamos encontrando felicidade.

Ainda que esse texto fale sobre maternidade, ele poderia falar sobre todas as nossas outras jornadas, quando descemos do ritmo constante do dia a dia para nos vermos frente a uma nova realidade: uma mudança de cidade, um período de luto, uma nova fase da vida.

Existem coisas maravilhosas acontecendo a todo momento, quer a gente opte por enxergar, ou não. Oscar Wilde escreveu que “estamos todos na sarjeta, mas alguns de nós estão olhando para as estrelas”, e essa é a forma mais poética de se dizer que ser feliz é uma questão de mudar o nosso olhar – um trabalho interno, nem sempre fácil e, acima de tudo, impossível de terceirizar.

Para se inspirar

5 casas inspiradoras que descobrimos nos últimos meses:

A casa da Martina, do insta @thevenetianpantry, é um caso de amor. A decoração é relativamente simples, mas a mistura de materiais e texturas torna tudo extraordinário.

A cozinha do casal de designers da N.17 House, em Londres, que é o que podemos chamar de cozinha dos sonhos.

No completo oposto, essa casa com estilo mais clássico e maximalista é a prova de que não importa o estilo, com um olhar treinado, tudo pode ficar bonito.

Esse hotel foi renovado e passou de um show de horrores para extremamente charmoso e aconchegante – cheio de fotos de antes e depois, como a gente gosta.

A cozinha do casal por trás do Yellow Brick Home finalmente ficou pronta. Ela é linda, foge do óbvio e vai te mostrar que pedra escura na bancada por ser uma ótima opção.

Para seguir

Perfis de mães que se aventuram pelo design de interiores:

Brook & Peony

Emilie Desjarlais vive nos arredores de Montréal com a filha Brook e a gata Peony e o apartamento delas é uma mistura da limpeza do design nórdico com a bossa do lado francês canadense. Inspiração pura.

Pretty in the Pines

Shelby Vanhoy vive com o marido e o filho numa casa na Carolina do Norte que é uma mistura de clássico e cottagecore. A brinquedoteca para o pequeno é de morrer de amores.

Regent Lodge

Amee também vive com o marido e o filho numa casa estilo georgiano que eles estão renovando aos poucos. Ela mostra o progresso lento e bem vida real da casa – no momento estão reformando a sala – e o quarto do pequeno Louis é uma preciosidade, cheio de garimpos e coisas de segunda mão que ela encontra e recicla por aí.

N.17 House

Sarah-Louise e Christopher moram em Londres com a filha e ambos são designers de interiores. Eles têm um estúdio e uma marca própria, e a casa em Richmond é simplesmente de babar.

Para ler

Este verão vai ser diferente – Carley Fortune

Da mesma autora de Depois Daquele Verão, que já indicamos por aqui, Este Verão Vai Ser Diferente segue a história de Lucy e Felix, e seus encontros e desencontros a cada verão que passa. O livro se passa na Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá, e nos transporta completamente para o cenário: a sensação é de que estamos lá, na ilha, comendo ostras, sentindo o vento no rosto e vivendo um romance de verão.

Nem te conto – Emily Henry

Nem Te Conto é o último livro da já conhecida Emily Henry e, como de costume, não decepciona. Quando o noivo de Daphne a deixa para ficar com a melhor amiga de infância, Petra, Daphne acaba indo morar no apartamento da única pessoa que entende sua situação: Miles, ex de Petra. Os dois bolam um plano para fingir que estão ótimos – e juntos – e ainda que a gente já saiba onde isso vai dar, é justamente por isso que lemos. Não?

Por que mentimos – Karin Slaughter

O mais recente livro da série do detetive Will Trent, Por Que Mentimos acompanha Will e Sara em sua lua de mel num idílico hotel de luxo nas montanhas. Tudo vai muito bem até a gerente do hotel – e filha dos proprietários – ser encontrada brutalmente assassinada na propriedade. O livro é daqueles de ler de uma vez só e o cenário meio Agatha Christie se faz mais que apropriado para quem, hoje, é também considerada a rainha do crime.

Para assistir

Filmes e séries para aproveitar a licença maternidade

O Urso

A série conta a história de Carmy, um jovem chef premiado que volta a Chicago após a morte do irmão para administrar a lanchonete da família. Já foi super indicada por aqui, mas a nova temporada saiu em junho, então merece o repeteco. É garantia de risadas, lágrimas e aquela alegria no coração que só as melhores séries conseguem trazer.

Ninguém Quer

Você provavelmente já ouviu falar da série se não estava vivendo embaixo de uma pedra nos últimos meses, mas seria impossível deixar de fora essa indicação. Uma comédia romântica gostosa, genuinamente engraçada, um elenco cheio de química e uma das melhores coisas que a Netflix lançou esse ano. Não vamos nem entregar o enredo – se você não viu ainda, só assista!

Amor à primeira vista

Amor à primeira vista é daqueles filmes levinhos que a gente assiste sem pretensão nenhuma, mas que acabam se tornando uma ótima surpresa. Conta a história de Hadley e Oliver, que se conhecem num aeroporto enquanto aguardam o mesmo voo para Londres. Se estiver no clima para um brigadeiro de panela e um quentinho no coração, ele é o filme perfeito.

A nota perfeita

O filme acompanha Maggie, assistente de Grace, uma famosa cantora que está chegando à meia idade e, portanto, precisa decidir qual rumo tomar em sua já estabelecida carreira. O filme é repleto de boas atuações e, principalmente, de boa música. Daqueles que a gente termina de assistir sorrindo – e depois corre pro Spotify para ouvir tudo de novo.

 

Para comprar

As novidades mais lindas que surgiram no site nos últimos meses:

Almofada Verona: é linda, linda, linda, e embeleza e se adapta a diversas composições e estilos.

Luminária Clarice: sempre quisemos uma para chamar de nossa, e esse dia chegou. A luz é difusa e cria um clima super gostosinho nas noites e fins de tarde.

Mesinha Porto: a delicadeza, o charme e a mistura de materiais tornaram ela o best seller dessa nova coleção – com razão.

Para testar na cozinha

Jantinhas simples e deliciosas para quem precisa cozinhar sem tempo (ou seja, para quase todos os dias):

Esses tomatinhos marinados com burrata para jantinha com cara de belisco.

Um hamburguinho estilo família que agrada todo mundo.

Esse Mac & Cheese saudável para servir sem culpa.

Uma massa super deliciosa e pá-pum para quando estamos perdidamente contra o relógio.

Finalizando

O cientista social Arthur Brooks, escritor e professor em Harvard, é um dos grandes pesquisadores sobre a ciência da felicidade. Ele a define como uma direção, não um ponto de chegada, composta por três elementos: alegria, satisfação e significado.

A maternidade, de certa forma, é uma montanha russa de sentimentos positivos e negativos, de alegria e tristeza, de satisfação e sensação de fracasso. Essa mistura é o que torna nossa jornada incrível e tão repleta de significado. E é também fundamental para que nossos filhos sejam pessoas legais e bem resolvidas no futuro: eles têm a oportunidade de aprender, conosco, a lidar com situações e sentimentos desafiadores na prática.

Daí a importância de parar para respirar. De entender que, no momento, está difícil mesmo, mas que nós podemos fazer coisas difíceis. De melhorar nossa habilidade de reparação em situações que não saíram como a gente esperava. De ressignificar memórias, buscar momentos de conexão e celebrar as pequenas vitórias, nem que sejam 5 minutinhos de paz durante o café da manhã ou um creme pós-banho nos cabelos lavados. 

Ter expectativas realistas e apropriadas para a fase que estamos vivendo é outra forma de mudar o olhar sobre o dia a dia. Não esperar que o bebê durma a noite inteira, que o filho mais velho não faça bagunça, que as crianças nunca briguem ou passem horas a fio brincando em silêncio pode ser libertador, tanto para nós quanto para eles.

Aprender a encontrar contentamento no dia a dia e enxergar a beleza da vida enquanto ela está acontecendo, e não antes ou depois de ela passar, é a habilidade mais valiosa para trilhar um caminho de felicidade. É também uma habilidade fundamental quando, ao fim daqueles quatro meses, chega a hora de encarar a volta da licença maternidade.

Esse encerramento dói. É o fim de uma fase que nunca mais se repetirá da mesma maneira, e é preciso lidar com o pesar que sentimos, com a saudade do bebê e com as boas lembranças que ficaram, tudo ao mesmo tempo. Mas mudar o olhar significa enxergar que a gente volta a fazer outra coisa que ama, a ter um tempo para gente e a nos reconhecer em outros papéis da vida. Além do mais, um cafezinho sem interrupções enquanto se escreve uma news não é nada, nada ruim. São as pequenas alegrias, não são?

É um imenso prazer estar de volta.

Com carinho,

Equipe LP

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